sábado, 23 de janeiro de 2010

Temp oral

Hoje, eu fiz um ontem diferente:
futurei no pretérito prá mudar
meu presente

desembrulhei a vida.
Nesse momento
minha tristeza
tomou galope no vento
da partida
E
soprou sobre o tempo
desenhando na areia paisagem
uma ampulheta
o tempo
em forma de borboleta.

Entre...

Entre olhos
penetramos
olhos noturnos
pernoitamos.

Quando paramos
de nus desejar,
dissemos: onde estamos?

Cegos
seguimos
nem nos (des)pedimos...

Sopro

Tua presença respira,
como um suspiro,
arrepia, atiça, ameaça
e desaparece
como um vento
inesperado...
que anuncia a chuva
molha
mas não espera secar
deixando a tempestade
sem olhar prá trás.

corpo poético

Ter filho é fazer poesia com o próprio corpo. Melhor filha não há que minha poesia Eloá.

Noticiário íntimo

Um Cacique-Budista pulou de asa delta aterrizou sobre a noite e amanheceu dançando na Lapa, vazio de tudo...

Circulador

Os retornos são inevitáveis.
O Universo deve ser circular.
As memórias vêm em novelos.
A gente gira em torno de um ponto.
Acho suportável saber disso.
Impossível é não ficar tonta.
A saudade dói, mas o arrependimento arranha a compreensão machucando a alma... O amor? Ah, o amor... Esse vento inesperado que nos arranca o chapéu e os pensamentos sensatos, que voam prá muito longe.... Entre a lembrança da saudade e o amor de verdade fico bem à vontade.

Entre olhos

A árvore me olha,
como se a falta de raiz,
me libertasse de apenas
ser
contemplada.
Ela sabe que posso buscar
outras perspectivas...