sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Raios que me partem

sou filha do sol poente
desato no fim do dia
refletindo na janela
toda a minha rebeldia

refração de dor e tédio
em compasso com a alegria
desmaio no horizonte
desfaço-me na maresia

o brilho espalho em estrelas
pela noite enluarada
empresto a lua meu sorriso
até voltar a jornada.

meus raios que me partem
suspendem-me até o infinito
refletem minha imensidão
ecoam em silêncio o meu grito

ventos de mim

Quantas luzes apagadas
vernizes desbotados
paredes derrubadas
desejos entrecortados

recortes de imagens amareladas
depositadas no velho álbum da memória
bala-chiclete, lembranças carameladas
remendo em durex de páginas da nossa história

a bola furada, a peteca esfarelada
a pipa que não subiu,
a marimba que acertou a testa
tantos sonhos no bueiro da calçada
o lateiro vivo sumiu
junto com os docinhos da festa

Cadê o picolé de creme holandês
onde ficou o colorido do feriado,
o peixeiro, o quitandeiro,
em que distância?
Onde estão vocês?
Short rasgado, joelho ralado?
Pulando o muro e o canteiro...
encontrei o quintal da infância.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

poesia subliminar

O dia entregou a noite o teu sorriso,
desfez ao vento tuas alegrias.
Choveu,  toda a madrugada,
lírios brancos na calçada.

Cansei de esperar a aurora
que chegou de rompante
Veio sem maquiagem
montada numa aragem

O sol chegou lentamente
aquecendo os corações.
Abraçou a todos satisfeito
e o dia estufou o peito.

Ficamos calados
desejos incomunicáveis
palavras aflitas
frases interditas