Flutua
entre a concisão
e o esbanjamento.
Prolifera
a margem
do mistério.
Fecunda a incógnita.
Sustenta sentidos.
Faz-se labirinto.
Esfinge-se...
De si-mesmo
só sombras.
O vento que venta daqui é o mesmo que venta de lá? Não, eu sou controvento, ventania de esparramar, até virar brisa, desabotoar a camisa, para o sangue ventilar. Liquificar sem ar controvento suado, prá na liberdade do vento tocar, no sino, um dobrado e ventando poder voar, soando um verso molhado...
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
flor do vento
Flor, despetá-la.
Espalhe-se sobre o mundo.
Entra no olho do furacão.
Leva a fragrância da vida
ao inóspito
nariz dos desesperados.
Espalhe-se sobre o mundo.
Entra no olho do furacão.
Leva a fragrância da vida
ao inóspito
nariz dos desesperados.
caminhando contra o vento
Feito de palavras
passa o tempo
interpretando-se
caçador de sentidos
escreve
tentando haver-se
É o texto
negligente
de si-mesmo
um livro
sem capa
sem páginas
sem marcador
Edita-se
no olhar
janelando um vôo
nas entre linhas
do silêncio.
passa o tempo
interpretando-se
caçador de sentidos
escreve
tentando haver-se
É o texto
negligente
de si-mesmo
um livro
sem capa
sem páginas
sem marcador
Edita-se
no olhar
janelando um vôo
nas entre linhas
do silêncio.
Vento da mudança
Ventou e choveu muito sobre os telhados, esta noite.
Desfez-se a redoma da casa.
A calha quebrada filtrou a verdade.
Não somos mais os mesmos.
Estamos encharcados.
A vida escorre pelas calçadas.
Desfez-se a redoma da casa.
A calha quebrada filtrou a verdade.
Não somos mais os mesmos.
Estamos encharcados.
A vida escorre pelas calçadas.
sábado, 26 de novembro de 2011
Recibo de um dia útil
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Gestação da noite
A janela anuncia as cores descendentes do fim de tarde. Retiro o último suspiro do dia, respirando o manacá que invade o espaço. Reconto as miçangas das horas e espalho a minha guia pela luz que atravessa a vidraça. Você brilha em meus olhos...
paisagem da minha janela
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Andores
As dores de novembro desfazem-se na chuva. O vento frio rasga a pele dos deserdados, desprovidos, mas uma revista traz na manchete: O décimo-terceiro será depositado, no próximo sábado. Um anestésico disfuncional, aliena-os do arrancar das unhas...pois poderão adquirir outras postiças.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
domingo, 20 de novembro de 2011
Descendência
Desinventando...
" O artista não tem tempo para dar ouvidos aos críticos. Os que desejam ser escritores Lêem os críticos; Os que querem escrever não têm tempo de ler críticas. O crítico também está tentando dizer:" O Biriba esteve aqui." Sua função não se dirige diretamente ao artista. O artista está um furo acima do crítico, pois o artista está escrevendo algo que fará o crítico funcionar. O crítico está escrevendo algo que afetará todo mundo, menos o artista."
William Faulkner
" Uma obra de arte, por outro lado, tem uma expressão representativa e expressiva. Nessa representação, as idéias do autor, seus juízos, o próprio autor, acham-se comprometidos com a realidade. A crítica, pois, não é senão uma parte, um aspecto - um insignificante - do todo."
Alberto Moravia
" A arte deve colher a realidade de surpresa. Isso requer aqueles momentos que são para nós simplesmente um momento, mais um momento, mais outro momento e , arbitrariamente, os transforma numa série especial de momentos ligados entre si por uma grande emoção. A arte, parece-me, não deveria inculcar o 'real' como sendo uma preocupação. Nada é mais irreal que certos textos realistas - e que não passam de pesadelos.
A ilusão da arte, por certo, é fazer com que se acredite que a literatura é muito ligada à vida, mas exatamente o oposto é que é verdadeiro. A vida é amorfa; a literatura formal."
Françoise Sagan
Controverso
Quem pensa que me conhece crê que eu desejo permanecer no palco a qualquer preço - que sou política e me valho disso prá sobreviver. Ficariam com efeito, atônitos, se soubessem que a minha maior felicidade é estar a sós em meu terraço pessoal, procurando descobrir a direção do vento pelos odores que ele carrega.
Há toda diferença do mundo em escrever-se para uma platéia e escrever-se num poema, em que se está a escrever primordialmente para si mesmo - embora, evidentemente, não haja satisfação em o poema depois, não significar algo também para outras pessoas. Num poema, disse Eliot: ...pus meus sentimentos em palavras para mim mesmo. Tenho agora o equivalente, em palavras, para tudo que senti.
Num poema, ademais, a gente escreve para nossa própria voz e pensa em termos da nossa própria voz, ao passo que é preciso perceber, que o que as palavras partirão em direção à outras pessoas, desconhecedoras do que está embalado em cada dizer, que acreditam que te conhecem demais, a ponto de superinterpretarem o eu-texto e afirmarem que tudo que se escreve é projeção do se sente. Nem sempre, caro Eliot, nem sempre...
sábado, 19 de novembro de 2011
Visagens...
Encontrei a doce Clarice, no buraco do amargoso, entre fotografias=memórias e goles de café. Falamos da morte, da luta, do amor e eu parti emocionada com a presença de tanta vida, naquela casa simples, onde não faltava nada, absolutamente nada.
Uma casinha azul na beira de um riacho, numa paisagem regida pelo vento e o barulho da cachoeira. Hortênsias coroando o jardim bucólico em meus olhos floridos. Pensei em nunca mais voltar, em ficar lá prá sempre...Conheci um pedacinho do céu e esfreguei minha mão naquele chão, nunca o paraíso esteve tão perto.
A roseira na janela,
os espinhos fora delas
Nós: quatro Elas
e Pretinha, a cadela.
Você em mim,
caminho imaginado,
apontando pro sim...
quadro inacabado,
desejo dobrado,
vento sem fim,
bate desavisado,
em meu olhar molhado,
salivando em meus lábios
beijo demorado
cheiro de alecrim,
terça-feira, 15 de novembro de 2011
G_ENTE AO VENTO
Subliminares
resquícios de pétalas
tudo sob a pele
palavra
que rasga a temperança
e invade
e divide
um poema
transpirado
Boca calada
na calada da boca
Sombras
atrás do armário
fundo da gaveta
na rua escura
da tarde chuvosa
O quarto
covil de si-mesmo
janelado
para o mar de pedras
horizonte
enclausurado
tela
em olhos de coruja
escondendo
tua'alma de águia
hedionda
Traduções
acadêmicas
projetos de intervenção
refresco ardente pimenta
reeditando emoção
doces neologismos
duras metáforas
subcutâneo poema
revela-te: Homem.
resquícios de pétalas
tudo sob a pele
palavra
que rasga a temperança
e invade
e divide
um poema
transpirado
Boca calada
na calada da boca
Sombras
atrás do armário
fundo da gaveta
na rua escura
da tarde chuvosa
O quarto
covil de si-mesmo
janelado
para o mar de pedras
horizonte
enclausurado
tela
em olhos de coruja
escondendo
tua'alma de águia
hedionda
Traduções
acadêmicas
projetos de intervenção
refresco ardente pimenta
reeditando emoção
doces neologismos
duras metáforas
subcutâneo poema
revela-te: Homem.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Vento livre...
Carcereiro dos desejos, eu caminho pela liberdade. Meu signo tem asas, minhas mãos tocam músicas de fazer delirar. Meus sonhos são esculpidos em pedras.
Não! Eu sou apenas uma mulher, que não se deixou algemar, que respira a dignidade de poder estar, fazer e viver o que quiser.
Basta de prisão no mundo. Libertem-se todos, porque a Liberdade não se mendiga, se conquista!
Quero o Sorriso do gato de Alice, o cavalo de Joanna D'Arc, alcançar as mil léguas submarinas e mergulhar com as Amazonas as fronteiras do imaginário. Depois disso?! Eu só quero Gerânios, Girassóis, Gente Gigante e Girafas, em plena tarde de primavera, sob a minha janela.
Esse vento que me carrega, um dia fará um Giro, até você, minha liberdade poética...
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Vento descontínuo...
Esse é seu...
Nos entreversos tuas sombras iluminadas
tatuam-me cores realçando os sentidos...
Nas palavras raras a simplicidade do ser
cabe na palma da mão
sob a sola dos pés
na ponta dos dedos
que extravasa no tempo
o poema que és.
Revelas a ocultação
das horas inquietas
revesas comigo
sob o quebra luz
a explosão de uma terça carnavalesca
em plena sexta-feira da paixão.
Na ponta dos pés
deslizo na infância
de um sentimento confesso
cheio de audácia e zêlo.
Tuas palavras
me pegam com força
me apertam com carinho
e me devolvem ao vento...
Voando no desejo me perco
na tentativa de encontrar
a marca da sombra
na palavra de luz
que vem me iluminar...
a mímica dos ventos
Tarde de fogo no céu
do desejo que já não há
veste-se o tempo
da cor opaca
do presente
guardado
sem
laço
de
fi
ta
no fundo da caixa
só...
si
lên
cio
!
do desejo que já não há
veste-se o tempo
da cor opaca
do presente
guardado
sem
laço
de
fi
ta
no fundo da caixa
só...
si
lên
cio
!
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
De repente
Hoje, fiquei triste de repente, mas de um de repente que já se arrastava há dias, dentro de mim...minhas mãos não podiam alcançar as minhas vontades, meu corpo impedido de satisfazer os desejos, minha mente comprometida com responsabilidades, que eu não queria ter. Uma sensação angustiante, chegou como uma nuvem de fumaça e comecei a respirá-la e me vi assim, num canto da vida encolhida, sabotando-me. Tomada por um 'não querer' decisivo, sai correndo pela rua da liberdade, prá encontrar-me com a esquina da alegria de viver de onde eu havia me perdido. Observei meu sorriso franco, as palavras soltas e meu coração, no meio da tarde, batendo junto com o sino da igreja. Caminhando pela praça, percebi um convite a vida. Olhei em volta e todos pareciam de repente tristes...
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
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