sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Curto@Circuito




...fiz um poema rimado
pra irritar a poesia rebelde
que anda dentro de mim
querendo pular na jugular
das palavras subliminares

É inverno em minha primavera
o concretismo esbelto
arrancou minhas raízes
pisou nas flores, comeu as sementes

...fiz um soneto vazio
pra profanar toda criatividade
negada em pedidos de desculpas
escritos nos túmulos devassados
da insensatez promíscua
do uso leviano dos sentidos e significados

É verão em meu outono
e a flexibilidade vaga
nas entrelinhas do eu lírico
é um mímico sem mãos
com o corpo neon
e a expressão opaca

...fiz esse texto colando os restos de mim
em tudo que não viu, ouviu, sentiu
e jamais será poético 
em  quaisquer estações 
que passar pela tua janela.


domingo, 22 de setembro de 2013

PRIMAVEROU...

Sempre haverá primavera
nos olhos de quem semeia a vida.







Há flores sem fim
na estação mais bela
primaverou em mim
quando abri a janela

o perfume da vida
amanhecendo devagar
entardecendo florida
nessa estação de brotar

nesse chão semeado
ver crescer e florir
no quintal espalhado

o vento a colorir
esse jeito encantado
da  natureza a sorrir




sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Vento continua com teu Perfume...


É Drummond! 
De tudo fica um pouco.
E a gente continua,
sem necessidades 
de abrir vidros de loção,
para abafar o insuportável 
mau cheiro da memória,
porque o vento continua a soprar
a fragrância das árvores plantadas.

                                                                   (Resíduo de C. D. de Andrade - paráfrase)




                                           




Porque de tudo que é terrível
fica um pouco: da insensatez,
do personalismo, da competitividade,
do orgulho presunçoso
de querer pisar com salto 15 os alheios
- pouco que nunca foi teu -
o frequentar a manicure do bairro
pra desencravar unhas,
ao invés de polir garras.
Da lembrança de Tom e Jerry:
fica a ingenuidade do bichano
e a esperteza do rato...

Mas fica muito de Vinícius
na esperança da mulher
no colo da criança
do antropofágico bem
da amizade que não é morna
do recurso de embriagar
nossos dias de uma alegria
comprada no cartão
e do dever de casa
de pagar contas
cuidar de quem cuidou da gente.

A vida escorre pela boca
do corredor e da língua
do sobe e desce da escada.
E fica da forma de Gregório
o dizer escrach(x)ado de quem tenta
a sua maneira ser feliz
e esbravejar a verdade
numa ação de cortar reflexiva...

Ficou um pouco
do incômodo nos cômodos
dessa casa
que sempre manterá
seu quadro invisível na parede
sustentado pelas vigas da teimosia
petulante que deixa pétalas
perfumando as salas
e este solo onde ficou um pouco
da tua raiz e muitos frutos
que quem chegou na colheita
nunca saberá o sabor
de ver crescer a semente
do saber-se bastidor
da itinerância que espalhou
nesse chão freiriano.

Do Ser Errante: Dom Quixote,
fica o Sancho Pança....
seu escudo pendurado no braço
os acertos que ninguém viu,
ouviu e jamais poderá sentir,
pois as vitórias foram esquecidas
no centro da batalha.
A diferença entre o muito e o pouco?
É que você estava nas trincheiras
e os cegos do castelo não.

Ide! E fazei a diferença em outros campos,
pois o conforto nunca combinou
com a tua forma Guerreira de lutar!








sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A flora secreta de cada um....

Árvores fazem meus olhos respirarem
minha pele na brisa vive esse amadurecimento
resvala a vida as vontades sementes
e brotam verdades trançadas por fortes raízes

Ah! É preciso regar o chão
sujar os dedos, desenhando a flora
erguer no íngreme a grama
segurar o verde nos olhos
dessa botânica sensível
que nos faz jardineiros
de nós mesmos

a tecitura das raízes
sob o solo passeia
como as folhas sopradas
pelo outono de árvores vazias
a espera do novo

as dores envelhecem, o tempo passa
e o florão resiste chorando no orvalho
dançando  na brisa
renascendo nos frutos
da continuidade
e da sabedoria rica e simplicidade
de que fomos feitos de olhos
que passeiam em flores
nessa manhã de sol e azul.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Costurando folhas e olhares

                                                                                           Queda-te para o alto
e me encontra nas asas das folhas ...


Lamentável ausência
da lista do horto pessoal
entre raízes, risos e rosas
especiárias de Vênus enigmática
em tempos ensossos de elegância,
gentileza e simplicidade...
formas catadas no impossível
simetricamente calculadas
na cidade do corpo descalço
cercada de espadas e cores

Nada esvai das minhas retinas
veias misturando o vermelho-amarelo
feitas de sensações cuidadosas
sutis insígnias aflitas na calmaria
de descobertas jamais vividas

Intenções luminosas
no segredo das chaves
abrindo janelas
apagadas ao luar de agosto
por um som inaudível
um lugar invisível
num quando eterno
de deixar-se Ser

Desgarrados na culminância
da acessibilidade simples
do enredo forte do desejo
dominado por inventivas
carregadas de fantasmas e culpas,
memórias e traumas
de inocentes controvérsias

Facas cegas
desgastadas pela vida
em monólogos interiores
feitos de perguntas sem respostas

Debaixo do guarda chuva
há sombra do sol insiste
na intolerância do dia-a-dia
porque se sabe feliz
diante das dificuldades e espera...
no porto das expectativas
horizontes filosóficos
mastigam as horas insanas
de tantos paradoxos singulares
regados no quintal

O vento sopra das gavetas
as palavras guardadas:
palavrões, palavruras,
palavrórios, pá, lavras
giram no primoroso cata-vento
fincado no meio do jardim
numa troca prometida sobre o papel
de poemas e desenhos
sobre a travessia das pedras
cravadas no chão
criando travessuras e madurezas
crendo nas sementes soterradas
no respeito daquilo que brotou...

na pele-parede
reveste-se o corpo da casa
a continuidade na ruptura
intimidade na distância
da silenciosa saudade
da muda plantada
na sombra de um dia frondoso
folhas costuradas no solo
onde ainda há... árvores sonhadas
acariciadas pelo brisa da generosidade,
gratidão e perdão por sermos imperfeitos
diante da possibilidade de tanta beleza




domingo, 1 de setembro de 2013

FOTOSSÍNTESE DO SER...

A minha Semente ELOÁ, árvore cada vez mais frondosa.







    Força feita de fragilidades visceralmente instantâneas, construindo sua muralha flexivel de Ser - que vai e vem, entre verdades e criações vitais, para continuar e amar, deixando-se ir...
    Sapatos-descalços, socos-verbais, recheios carinhosos de desejos e dedicação. Armários sem portas, ventanas digitais. Sabe o que tem à vista e aguarda à prazo, liberta pela intensa vontade de voar. Asas feitas de chão, que raspam o azul do céu.
     É Ela...É Ela, minha flor aromatizando canela...canteiro de tulipas no peito, prateleira de receitas pra tudo. Tempero pra quem ama.
     És, simplesmente. Assim como o tempo colhido entre dores, cores e experiências, em folhas secas a caminho da escola pra casa e de casa pra vida. Agora, constrói sua árvore, enraizada em certezas, sem negar dúvidas. Somos a sombra da nossa própria árvore. Lembra?!
      Colhemos com as próprias mãos as sementes que desenham a nossa floresta de evolução,
que prometemos. 



TECLANDO TIJOLOS


Para Vini e Jô: Obreiros do Bem


Não há vazios
nas esquinas em formas de letras
as pessoas desenham as gentes
prescrevesse a esperança
latejando no horizonte
olhos  escondidos
por retinas ocupadas
em ver adentro

Não somos
senão o que cremos
a beleza emoldura
sonhos vastos ou pequenos
que devoram a realidade
em ventos soprados
por esculturas de nuvens
provando: nunca somos os mesmos

permanecem as horas
no relógio de areia
onde descobrimos o tempo
debochando da vastidão do céu
nosso lugar é o infinito
nosso tempo é sempre
o caminho é a escrita
vertical ou horizontal
interseção de ventos singulares.