quarta-feira, 16 de abril de 2014

NÁCAR




Voltei 
de um mergulho submarino
em lenta profundidade
verde água-azul marinho
aquarela involuntária da dor
nada suave
tudo nada

Estou
molhada por dentro e por fora
de um choro estancado de susto
de falta de espera
secando a boca num sal de lágrimas
amarelo alaranjado-vermelho ressecado
pincéis tecidos na coragem
chão agreste
tudo chão

Sou
a medida dos contrários
a intensa fragilidade
conversão de sexta-feira da paixão
em terça de carnaval
remendo todas as cores do horizonte
fronteira de misturas
hálito do sol e sorriso da lua
eclipse catártico transparente
tudo nada
tudo chão

meu templo corpo me habita
na alma de todas as coisas
reverso lúcido de poréns
adversativas de vida e morte
Eu me empurro no balanço
rodo meu próprio pião
sou minha pipa sem rabiola
minha pena e palavra
meu escrito e minha sina
me gasto nos passos 
sigo prolixamente
cheia de simplicidade
chão de um céu plasmado
tudo e nada no azul-cor de infinito

Arco íris dos olhos
palavras feitas de cores indizíveis
"que seja eterno enquanto dure"