O vento que venta daqui é o mesmo que venta de lá? Não, eu sou controvento, ventania de esparramar, até virar brisa, desabotoar a camisa, para o sangue ventilar. Liquificar sem ar controvento suado, prá na liberdade do vento tocar, no sino, um dobrado e ventando poder voar, soando um verso molhado...
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sábado, 28 de fevereiro de 2015
Ponteiros ao Vento
...quintais encantados
carregam a realidade
para o longe do tempo
o céu da infância
a janela mágica
o chão de terra
anéis de barbante
sorrisos no muro
pistas de capim
chão de giz
escrituras de tijolos
os olhos no fim da rua
o quitandeiro na porta
chamando sabores
o barulho eterno da serralheria
topadas em pedras
de amarelinhas
bandeirinha, lateiro-vivo
os gritos escada abaixo
o chinelo mandão
bicicleta sem freio
jogos de tabuleiro
dominós paternos
bingos maternos
liberdade da pipa
carinho com a bola
gudes marcadas
o pião do tempo
furando calendários
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Entre-ventos
Ah, saudade, se soubesses...
não apareceria assim de repente
se no infinito coubesses
como no cabelo um pente
farias entre sobe e desces
uma estrela cadente
revelarias quermesses
de um amor pendente
Saudade, se amasses
entenderia o que a gente
ainda que evitasses
sente, sente, sente...
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