sábado, 25 de abril de 2015

Quem sabe, atire a primeira pedra?!

         

Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito... E apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a saber que também isto era aflição de espírito. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.   Eclesiastes 1:14 -17-18


  
     




      Na fogueira das vaidades quem nunca se queimou? Foi usando a alegoria do fogo no mito da caverna, que Platão falou em  simulacros, a partir das sombras. Todos acreditavam na realidade da qual faziam parte, segundo o filósofo, mas em nenhum momento do texto é dito quem descobriu a saída da caverna e alcançou a luz. A ignorância aparece pra muitos e o conhecimento pra poucos, isso dá poder as lideranças. Conhecimento é pra ser repartido, não codificado, não pode ser instrumento de manipulação, porque o personalismo equivocado, anula a humildade e a generosidade, que devem ser alimentos na construção da sabedoria, encontrada a cada aprendizagem. Os axiomáticos me impressionam pela coragem de afirmarem que sabem, que são e que podem, pois a dúvida é formadora e deformadora de conceitos, não de verdades absolutas. 
       E foi um outro filósofo, Sócrates, que escapou da fogueira das vaidades dizendo: Só sei que nada sei e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa. O ser que sabe usar a alquimia do fogo, passa pela fogueira e saí dela transformado, talvez menos vaidoso e mais cheio de dúvidas. Talvez  os conflitos traga-lhe a incerteza pueril de uma criança e resgate o coração puro de desejos submissos às vontades humanas, tão longe da sua essência, quanto do ser integrado de tudo, recheado do todo, antes de nos tornarmos Julgadores e nos reconhecermos parte, feitos pra compartilhar.




quarta-feira, 22 de abril de 2015

VENTILA(DOR)







Cala-te e ouve a minha verdade silenciosa
há um grito em meus gestos
que ensurdece tua compreensão

Caminha nessa minha paralisia do tempo
convoca um relógio regressivo
levando-te ao início de todo esse nada

Esvazia-te dos restos invisíveis
que te ofereci em dimensões concretas
imperceptíveis a tua cegueira platônica

Saí da caverna pega o celular
e engole a agenda das putas literárias
que te usaram por poemas eróticos

Invoca, Bocage, Bataille, Bukowski
se exponha num comelôdromo
e desapareça numa autofagia