sexta-feira, 27 de maio de 2016

Carta aberta em ventania


         Há um erotismo telúrico, nessa vontade perigosa de ser e estar na tua paisagem poética.
Tenho medo de tanta beleza. Quero obedecer a desordem. Pertencer a essa incoerência. Revi-
sitar um "non sense" que já nem sei se reconheço, nos aquarelados sonhos que têm pintado
minha paisagem.
         Possibilidades de brisas acalmam o furacão inverossímil que quer arrebentar portas, 
quebrar janelas, adiar compromissos, para fechar a porta, abrir a janela, assumir sumiços...
escrever nas páginas dos lençóis um poema vivo e  retocado
pela liberdade, bordado pelo abstrato e tomado de nós, entre nós...tecendo uma escultura,
uma imagem-carta aberta, soprada pela ventania, que espalhará o aroma da  natureza exa-
lado da explosão desse desejo contido, sob as pálpebras cerradas, as unhas nas paredes, os
lábios mordidos e a pele na mendicância de um simples toque real.
         Haverá? Diz um sopro, que nunca deixou de haver...