Sou a raiz do invisível
que brota depois da chuva
e insiste nos temporais...
Estou escondida no igarapé
fico retida nos bambuzais
A margem dos eitos dos rios
água parada sem fluir
engolida pelos desvios
sempre ensaiando parir
no vento de assobios
Gero e potencializo a vida
até arreebentar as paredes
no inverno sou força encolhida
tecendo infinitas redes
o silêncio a voz intimida
há revolução na primavera
rompe-se a calada alegria
flores de desejos e palavras
explodem em cores e sinfonia
de fruta amadurecida em eras
semente da polpa no chão
abraçada pela natureza
enraiza o outono em vão
cavando a profundeza
do grito debaixo do não
onde a vida está presa
Guardando a liberdade
no tempo feito de tecer
a escuridão e a verdade
fazem teia de florecer
que a natureza mais tarde,
só a raiz poderá ver.
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