...és o avesso do avesso...
Caetano Veloso
poesia de gravata
e de pé no chão
verso de bravata
corpo feito a mão
cabeça virada
estrofe transversa
rima de calçada
palavra submersa
O vento que venta daqui é o mesmo que venta de lá? Não, eu sou controvento, ventania de esparramar, até virar brisa, desabotoar a camisa, para o sangue ventilar. Liquificar sem ar controvento suado, prá na liberdade do vento tocar, no sino, um dobrado e ventando poder voar, soando um verso molhado...
EUDISSÉIA EGONIADA
Ouvir o silêncio de Gaia
amplia o elo terreno
pois grita e ego na baia
contra o eco sereno
Paulo e a saia das avenidas
São os molambos da servidão
modernisses de vinte e dois
Loucos palcos da inovação
Quebra-se conservas
Toma-se o afresco
Busca de hortas e ervas
Temperam o resseco
Identidade Abapurada
regenera o olhar vil
colorindo a antarada
Macunaíma-se o Brasil
Vila de chinelos toca
Bandeira a saparia
Mário tece a roca
Oswald a ironia
Ser ou não Tupi?
Segue a dúvida brasileira
Sou ou não daqui?
Questiona a fronteira
Se o 22 é o louco
A semana foi o surto
mas talvez ainda pouco
Para o grande susto
Neste tempo centenário
Coamos no momento é
a egonia do revolucionário
pela eudisséia do café
Dentro, fora.
Acima, abaixo.
Terra e Céu
Fogo e água.
Amorar-se sempre.
Enamorar-se talvez.
Cada pedra no caminho
um verso
nenhuma gente pertinho
converso
Tropeço numa rima
solitária
E o ritmo confisca
a poemária
Asas abertas parindo a poesia
chave dourada
soneto em busca da rimaria
contínua caçada
Armapalavra,
onde parei ?
Sou caça, ou caçador?
Nem sei...