domingo, 1 de junho de 2025

Instante

Leio Clarice 
Congelo no "já"
Mergulho no dentro

Olho o céu amanhecido
em azul de outono
meu corpo 
pede sol

As palavras vão 
se desfazendo no calor
debaixo delas
encontro sentidos

Refrescante poética
brota uma brisa
Sensorial entre os dedos
Escrevo


sábado, 8 de fevereiro de 2025

Vê de vigilância

Olhos janelares 
buscam o espelho no outro
Insatisfeitos  
com que vêem
na sua própria casa.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

poesia: prosa e poema


     A prosa é a poesia cravada pelas unhas. Faz formas e fôrmas, lapidando o organismo espontâneo dos versos livres do poema, entre parágrafos e complexidades sintáticas, que o sentido poético sempre resmungou. A vertical poesia deixa espaço branco no papel, para que sejam asas, sem compromissos regenciais.
      O poema é a prosa descalça. É o domingo na casa da avó.
      A prosa é vestida. Está na agenda de quarta-feira.
    Mas todas têm P de poesia, de pluralidade, de praia, de primavera...de poeira que se desfaz contra o vento.
      As palavras seguem, desenhando a vastidão poética no papel, sem fronteiras, com a vontade cheia de sentidos e sem direção, bordadas pela liberdade de não saber aonde ir.
       


Passaporte para o infinito

                 Crônicas de viagem existem, desde que desbravar fronteiras tornou-se uma exigência aguda - ou existência para os que julgam mais profundamente esta questão. Li muitos textos sobre este assunto: Crônicas de viagem; Diário de Motocicleta; Comer, Amar e Rezar, além de clássicos como Viagens Setentrionais de Sterne, Cartas de Pero Vaz de Caminha, A Arte de Viajar, mas a melhor de todas as crônicas foi aquela que vivi em viagens, onde cada palavra foi experimentada à conta das aventuras de se arriscar inteira, entre fronteiras, para abraçar descobertas.
                 Durante anos fiquei sem viajar, por motivos vários, pequenos e grandes, no entanto após profundas viagens dentro de mim, entre dores e decisões, necessárias à sobrevivências vitais ao sentido de entender a essência de estarmos por aqui, resolvi "andar por aí". Acabei atravessando as linhas do horizonte corriqueiro e parti pra todos os lados e direções, tornei-me minha própria bússola. Foi assim que compreendi o peso e comprimento da liberdade de cada passo. 
                    Todas as viagens começam dentro de nós e qualquer uma delas tem como ponto de apoio o nosso desejo e como consequências nossas escolhas.
                     Por onde ir? Qual o melhor caminho? E se chover? Se nevar? Se o sol estiver derretendo os miolos? A resposta é: Siga em frente com determinação.   Afinal, parodiando Fernando Pessoa: viajar é preciso, viver não é preciso...