sábado, 17 de dezembro de 2022

 ...és o avesso do avesso...

Caetano Veloso

poesia de gravata

e de pé no chão

verso de bravata

corpo feito a mão


cabeça virada

estrofe transversa

rima de calçada

palavra submersa




 PASSADIÇO


Tanto tempo

nenhum tanto de tempo

sem tento

nem tento

pouco tempo tanto

no desmeio

desmaio

e canto

só num canto

recanto santo

O tempo?

Faz tanto

acalanto

é cá lento

bem dentro

fora o vento

sopra o tempo já...


domingo, 25 de setembro de 2022

Meu Leme sou Eu

Senhora dos meus ais
demorados demais...
Mãe de muito sim.
Pai do que neguei a mim.
Vadia da integridade
de não Ser pela metade.
Orgulhosa de viver!
Dona do meu querer
acerto as vezes tentando
quase sempre errando.
Sigo de braços abertos
por caminhos descobertos
com a força decidida
ou ares de arrependida...
Ser Humano itinerante.
Sou minha comandante
nesse meu caminhar
sobre as águas desse mar.
Na lida com as ribanceiras
construí com mãos guerreiras
algumas grandes fortalezas
que aprendi com a natureza.
Sou dama esvoaçante
sob nuvens andante.
O vento por mim soprado
faz de mim um ser alado
Ás de asas abertas em curva
espalho desejos na chuva...

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

EUDISSEIA EGONIADA

EUDISSÉIA EGONIADA


Ouvir o silêncio de Gaia

amplia o elo terreno

pois grita e ego na baia

contra o eco sereno


Paulo e a saia das avenidas

São os molambos da servidão

modernisses de vinte e dois

Loucos palcos da inovação


Quebra-se conservas

Toma-se o afresco

Busca de hortas e ervas

Temperam o resseco


Identidade Abapurada

regenera o olhar vil

colorindo a antarada

Macunaíma-se o Brasil


Vila de chinelos toca

Bandeira a saparia

Mário tece a roca

Oswald a ironia


Ser ou não Tupi?

Segue a dúvida brasileira

Sou ou não daqui?

Questiona a fronteira


Se o 22 é o louco

A semana foi o surto

mas talvez ainda pouco

Para o grande susto


Neste tempo centenário

Coamos no momento  é

a egonia do revolucionário

pela eudisséia do café 




domingo, 12 de junho de 2022

Estar em amor

Dentro, fora.

Acima, abaixo.

Terra e Céu

Fogo e água.


Amorar-se sempre.

Enamorar-se talvez.


sábado, 9 de abril de 2022

Russo que baixa, sol que racha!



A coisa da russa!
Tem Saci sem carapuça,
mas o pulso ainda pulsa.

Ainda que sintamos
tanta repulsa,
buscamos no céu
a grande ursa.

... Ê preciso que toda 
essa podridão seja expulsa.
...
Chega de tanta maldade avulsa!



Por aí, caçando poesia...



Cada pedra no caminho

um verso

nenhuma gente pertinho

converso


Tropeço numa rima

solitária

E o ritmo confisca

a poemária


Asas abertas parindo  a poesia

chave dourada

soneto em busca da rimaria

contínua caçada


Armapalavra, 

onde parei ?

Sou caça, ou caçador?

Nem sei...











sexta-feira, 4 de março de 2022

Veredas?!

É preciso estiagem:
um ser tão interno,
que enxugue o chão.

Para a engrenagem:
primavera, nem inverno,
nenhuma chuva de verão.

Água?! Só à margem,
no centro o inferno,
por dentro um vulcão.

Busco uma linguagem
e escrevo um caderno:
arranhando com a mão.

Invisível paisagem
nesse essencial eterno:
sou abismo num vão. 

Uma pálida imagem
desmaiada no externo,
desfaço a conexão.

Eu já sem maquiagem
Sobre o leito iberno
regando meu coração.

Sonho uma tatuagem,
num movimento terno,
cacto em floração.

Acolhida na folhagem,
cheirando a colo paterno,
acordo em inundação.












quinta-feira, 3 de março de 2022

Basta bastante...

A fronteira a giz
defende e ataca...
a mão invisível 
comanda atrás
do apagador...

Todos juntam
a força das cores,
tintas e pintam
a resistência:
_"Daqui não saio,
daqui ninguém
me tira..."

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Vê de vigilância

Olhos janelares 
buscam o espelho no outro
Insatisfeitos  
com que vêem
na sua própria casa.