sexta-feira, 3 de maio de 2024

ternura

Sou a raiz do invisível

que brota depois da chuva

e insiste nos temporais...

Estou escondida no igarapé

fico retida nos bambuzais


A margem dos eitos dos rios

água parada sem fluir

engolida pelos desvios

sempre ensaiando parir

no vento de assobios


Gero e potencializo a vida

até arreebentar as paredes

no inverno sou força encolhida

tecendo infinitas redes

o silêncio a voz intimida


há revolução na primavera

rompe-se a calada alegria

flores de desejos e palavras

explodem em cores e sinfonia

de fruta amadurecida em eras


semente da polpa no chão

abraçada pela natureza

enraiza o outono em vão

cavando a profundeza

do  grito debaixo do não

onde a vida está presa


Guardando a liberdade

no tempo feito de tecer

a escuridão e a verdade

fazem teia de florecer

que a natureza mais tarde,

 só a raiz poderá ver.

 

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