" um vento soprou dentro de mim, que não teve jeito de segurar..."

Anda correndo um vento dentro de mim, que não sei identificar. Ora é brisa, ora é um moinho Quixote, é uma sensação tão boa, que me sinto janela aberta, pra um horizonte perfumado e colorido, que vez ou outra traz o aroma do manacá. Se chove, aparece arco íris, porque há sempre sol, aonde passa esse vento.
O final da tarde voltou a ter nuvens rosadas, como as do final da rua da minha infância. E o vento? Ele continua soprando, como se indicasse o caminho de uma liberdade doce e suave, onde não cabe sofrer, só senti-la. Essa força ventonesca que me move tem a coragem e o carinho dos meus pais - tão presentes, quando entra um sudoeste daqueles.
Existe nesse movimento que empurra folhas e sementes, uma mensagem de tempo de florada.
Não sei dizer o que é, mas minhas raízes estão gritando, pra eu brotar de novo, arrancam-me a espalhar-me pelo chão e me esticam arvorecendo, dando sombra, flor e fruto, protegendo e protegida, cuidando e sendo cuidada, fazendo o desenho de uma floresta ventada.
As mãos jardineiras já estão a trabalhar, arando e sulcando a terra, pra quando o vento passar, promover mais vida, marcando cada semente o seu lugar e, soprando a paisagem, prossegue nesse (in)ventar, pintando pela janela do horizonte, um novo olhar.
É a semente elemento abraçada pela terra, alimentada pela água, em que a alquimia é fogo lento, possuído pelo vento, que não para de assobiar sentidos em nossa direção.
Vida !
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