domingo, 25 de maio de 2014

Túnel do vento


A criança lambe as feridas
esquece o adulto voraz
desfaz lembranças perdidas
apagando as digitais

a sombra estica a criança
o adulto fica assustado
a luz lampeja esperança
cura-se o machucado

num mesmo Ser: o trocado
de um tempo esquecido
é o presente e o passado
num movimento indeciso

na parede um retrato
é balanço pendurado
o prego conduz ao fato
faz-se estilhaçado

Renasce dos olhos fitos
a imagem da confiança
a desfazer os conflitos
na saliva da criança

O adulto reencontrado
na pele infante ferida
toma todo cuidado
com o presente da vida


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