quinta-feira, 31 de outubro de 2013

COSTURANDO GALERIAS

   

Telas de Cleber Oliveira


    Os olhares se cruzaram na proporção inversamente oposta ao salão de exposições. As telas os observavam, traduziam, encantavam. Não se sabe quanto tempo pintaram as retinas, pincelando possibilidades mudas, desformes, enigmáticas. 
    Haviam-se na natureza desfeita da geometria reciclada de formas desconexas. Enamoravam-se repletos de um aroma de galeria. A vida sextavada e resistente amolecia seus corações, diante de cores encardidas de tanta arte. Vastos os movimentos, profundos dizeres silenciosos ecoavam na dimensão da descoberta comum do olhar transverso e da diversidade, que os aproximavam. 
    Entre eles, o camarim de traços e o caos do desejo. Desconstruções de encontros em despedidas antevistas, derrubando paredes, abrindo janelas, ocupados com os quadros do cotidiano preto e branco. Murais de ocupações e desvontades repletos de reticentes promessas de aquarelarem o cruzamento das cores e de adversidades: impossibilidades, desviadas mensagens, obtusos caminhos.
   Vesgos olhos de tanto tentarem enxergar um novo encontro, em submersas galerias, cavernas endossadas pela liberdade de esculpir querências indecifráveis.
    Viraram pinturas abstratas, ensimesmados pelo reinado de impedimentos. Nunca mais deflagrados pelas paredes, num corredor feito de tons de Ser.



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