domingo, 18 de julho de 2010

Vento pe(s)cador

Subo ao monte
numa
profana-oração:
Salve-me,
vento forte,
de nenhuma
tentação.
Deixe-me pecar
divinamente
Arranca-me
o coração.
Só, é feliz
quem não sente.
Minhas virtudes?
Levai-as numa torrente
de água impura.
Não acorrente
minhas atitudes
solte-me
insegura.
Obrigado
por eu não ser...
uma criatura
e crer
na escritura,
na criação.
Jogo a rede.
Não há peixes,
nem pão...
Alimento o mar
com lágrimas,
ceifando o trigo
com a mão.
Fazei
brotar
 o poema
 do chão.
semeai-me
num controvento:
"um barquinho,
um violão..."

O Horto
sem oliveiras,
num exercício
(à) pagão.

Milagre?
É sobrevida
entre: o sim e o não.

Na liberdade
da escrita...
dessa contra-prece
esquisita,
mentira pela verdade,
não merece
perdão.





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