terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ventos (a)finados

pMorrer: calou o vento nas montanhas.
Desapareceu no abstrato,
o amor inteiro em formas relidas...
Qual, agora, o aroma da vida?
Não há mais o perfume das palavras sopradas,
dos segredos  iluminados,
sob as pedras,
não há, nem se é...
Esconde-se o sentido do poema solar,
a inconsciência das entre-linhas noturnas.
Nem lesão de músculos , nem nervos de aço
e nenhum problema.
Já não se pergunta os porquês...
o fim tudo responde.
Tudo é rejuntado
e nada segue para o outro lado.
E a paz? A terra? A dívida? A viagem?
Sobrou o incenso apagado,
sob a lage das inteligências desumanas.
Não mais torturas, nem sofrimentos...
Consumiu-se? Consumou-se?
Restou, só, a compreensão
do tudo,
nos restos...
que o nada representa.


3 comentários:

  1. "De tudo fica um pouco [...] Fica sempre um pouco de tudo."

    A morte não tem a capacidade de nos tirar a vida nem o amor. Só nós podemos fazê-lo.

    Adorei o poema. Beijos.

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  2. Muito bonito este poema. Escrever sobre a morte é sempre uma maneira de catarse e a sua está aqui. Um beijo e um abraço apertado deste seu amigo...

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  3. "E o vento vai
    levando tudo embora (...)
    Olha só o que eu achei:
    cavalos-marinhos."
    (Renato Russo)

    Incrível sempre o uso que você faz desse espaço.

    Abração grande e cheio de saudade.

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