terça-feira, 20 de março de 2012

Avessa ao vento

Quero a escrita livre e torta,
quero o risco da guerra.
Só não quero o certo.
Quero a vida-poesia que erra.

Verso derretido na forja,
aniquilado pelos tropeços,
estrofes capengas,
sentidos avessos.

Quero recital numa boca
cheirando o mal
refletida numa vidraça quebrada
num domingo de carnaval.

Títulos desconexos
versos desescravizados
um poema contra-senso
sem presente, nem passado.

Quero teu beijo-literário
lambendo versos alheios.
Textos entre-dentes urrados,
berrando nomes feios.

Quero o Beco do rato
antes da reforma
meio fio do molhado
constrangimento da norma.

Não quero amor-mendicância
uma dor semimplantada
Quero a realidade na tela
alegoricamente pixada.

Quero você meu poema
com todos os exageros,
lançado a vida e lançando
metade de todos inteiros.

Quero teus braços livres
para abraçar-me feliz
querendo todos os calibris
de tudo que eu nunca quis...


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