segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sinos de silêncio





...o vento arrastou sinos silenciosos
sobre tuas catedrais poéticas.

O céu colorido da tarde
alaranjado de maduro
engole o azul que foi
e sempre será...

Sobre o amor?
O vento soprou
e os sinos
não tocaram...
Nenhum alerta
para o vento quente
ou frio, soprado
em teu ouvido.

Fez-se um Furacão,
derrubou tudo...
e você nem saiu do lugar.

...sempre
preferiu a brisa,
o vermelho
sapatos para Alice
na sala de espelhos.

No meu jardim
- assaltado pela desconstrução -
o vento ainda espalha
o aroma daqueles dias
de semear poesias.

...no meu quintal
as flores são sinos azuis
regadas pelo amor
das nuvens que passam
sobre seu nimbo
desenhando o tempo
de calar os versos

Não sou escritora,
não planto rosas,
nem mereço poemas,
não colho vaidades...
Sou jardineira de sinos.

...a literatura é meu engano
predileto...
Sou a musa sufocada.
Respiro o perfume
dos sinos azuis...
encarcerada entre versos,
nesse jardim de oferendas
às suas Nereidas e Náiades.

Meu amor se espalha...
sobre cabeças,
embaixo das portas,
empurrando folhas,
tocando nuvens
e as sombras dos sinos:
ecos emudecidos.















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