domingo, 24 de março de 2013

Que Tupã não os vingue!


"Todo dia era dia de Índio..." Jorge Benjor

                                                                                                           

       Sento-me diante da televisão, nesta tarde chuvosa de domingo, saboreando um delicioso café e passo de testemunho ocular a secular de uma injustiça, que em mim, gera indignação. O caminho que meus olhos percorrem pela tela tece um mosaico de impressões de uma antropologia metafísica e de uma irrealidade cruel, quando evidencia-se nos fatos, cenas e relatos, tamanho desrespeito pelo Índio brasileiro, cidadão a quem cabe todos os direitos constitucionais.
       Buscando programação, folheio as páginas de uma revista eletrônica, num canal educativo, que apresenta olhares críticos sobre o indianismo na produção literária de José de Alencar. Entre Ubirajara e o Guarani, desenha-se a perspectiva do autor da aproximação entre o índio e o colonizador. Ouço, em meio as análises e evidências,  a voz de Eduardo Portela que caracteriza o índio de Alencar uma mescla do índio "real e fabulado". Ensaio uma reflexão, diante deste comentário, enquanto troco de canal e encontro um jogo entre Corínthians e Guarani. Coincidência na aldeia?! Sei não?! O Cacique do Guarani é Branco (ex-jogador da Seleção Brasileira e do Fluminense). Branco é tão Guarani, quanto os Guaranis são brancos. E pra finalizar o primeiro tempo, os corinthianos são chamados de guerreiros.
      Volto a refletir na tentativa de entender as notícias vergonhosas, desta última semana, sobre a violência sofrida pelos índios, no Rio de Janeiro, reivindicando direitos, cobrando deveres, combatidos pela polícia como delinquentes e desordeiros. 
      Guerreiros sobreviventes de uma cultura cada vez mais renegada, já impressas em livros, em bandeiras de times, mas impedidos de entrarem num Museu que diz ser do Índio. 
       19 de Abril comemora-se o dia do Indio(?). Será que o governador foi pintado de curumin na escola e ficou contrariado? Foi obrigado a ler algum romance indianista de José de Alencar (político conservador), ou foi arrastado para uma excursão escolar pelo Museu do Indio?
     A pergunta que não quer calar é: Por que tanta violência contra um povo, historicamente, tão violentado?
      
Imagem: Clécio Penedo

Um comentário:

  1. Os violentados estarão sempre sujeitos a novas formas de violência, é que o País parece que "aprende" a violentar, e não a perdoar.

    lastimante.

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