terça-feira, 10 de maio de 2011

Aos olhos do vento

Que areia é essa
que sopra em meus olhos,
o evento do vento
que cega?

Cobre a liberdade
de ver-me no mundo,
nesse espelho
concâvo-convexo
reflexo...sem nexo.

Esfrego a paisagem
para desembassá-la,
ela é um deserto
dentro e fora de mim.

Escorre sal
em meu rosto
azulejo de carne
que esconde
as células da verdade
e a cegueira me invade.

Não reconheço o mundo
o outro e eu
o meio.
Sou só receio
de não perceber-me mais
eu mesmo
ficar a esmo...

A íris enegreceu
minha vida,
sofre de falta de luz
e nunca mais vou te ver.
Você é agora
minha escultura arenosa
predileta e indecorosa.

Aos olhos do  vento
que me cega
constrói tua lucidez,
em minha escuridão
 toda tua luminosidade,
minha lúgubre caverna
é tua estrela guia.
Minha paralisia é tua ação
sou tua sombra sem direção.


2 comentários:

  1. Aos olhos dos ventos lança letras saborosas, ao sabor do vento! Vc tem uma relação nos teus escritos com o vento né? Interessante, o vento que anda por aí, ninguém o vê, mas todos o sentem!!

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