sexta-feira, 27 de maio de 2011

A espera

                 Seus olhos gritavam um amor intenso, que não veio, que viria. Paginava o tempo, descartando impossibilidades. Acreditava na espera e naquele ponto de ônibus aguardava o encontro marcado, através de uma rede de relacionamentos. Era um Amor Facebook, sem face, nem disfarce.
                Comeu os dois bombons que levava para comerem juntos.
               Assustava a sua ansiedade nua, declarada a todos que se aproximavam:
              _ Eu tô esperando, meu amor! Ou devia dizer:
              _ Eu tô esperando meu amor.Quem sabe:
              _ Eu to esperando, meu, amor. Talvez:
              _Eu tô, esperando meu amor. Assim insistia...e errava na espera.
               A noite chegou o amor não veio. Esfriou. Não choveu. Amor não veio.
               Partida no primeiro ônibus que passou. Não leu o itinerário, o número, nem ligou para que horas eram. Apenas, perguntou: 
             _ Boa noite motorista, onde posso saltar, prá libertar-me de um amor que esperei, até agora?  Solícito, o condutor respondeu:
            _ Rua Carlos Drummond de Andrade, Poema: E Agora José?

   Leia e ouça:  e agora, José? - Memória Viva de Carlos Drummond de Andrade               

              

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