quinta-feira, 18 de julho de 2013

Língua regada a vinho

Morda essa língua da poesia...
e beba esse verbo que embriaga.
  







Nunca entendeu a poesia
que ela trouxe de oferenda
jamais entendeu a língua
por renegar seus versos

Não houve, nem haverá
reedição de um texto
apagado numa fogueira
queimado nas águas
noturnas das luzes literárias

Ele foi o engano provocado
por tantas palavras ocas
recheadas de intenções
editadas entre goles de silêncios

O poema foi regado e arrancado
pelo  delicado desprezo
das sobras e sombras dele
raspadas do prato da despedida
num banquete de mendigos

pra depois mostrar a festa
e o brinde da felicidade
no lançamento de um romance
que escondia na gaveta do egoísmo
que a chamava de cega
por ela não ver
o que ele não teve coragem de mostrar

essa covardia é uma dívida poética
que habita as entrelinhas de tudo
o que ele venha ler, escrever ou apagar

A leitura dos olhos
chorando poesia
encharcaram as páginas
naufragadas pelo jogo insensato
concluído num beijo e sorriso
que não eram dela

a  língua da língua
ainda sente o vinho
e a travessia regada de estrelas                      
a faz girar moinhos
no brinquedo de cobra-cega
de um vento que o levou





Um comentário: