tarde ao meio
invade os poros da casa
rasgam-se as cortinas
tremem as paredes
circulam venosos versos
e apanham artérias
espalhadas pelo chão
desatrofiadas estrofes
vagam pelas mãos
que empurraram a porta
sem pedir licença poética
Entra toda à vontade
com tanta metáfora
sem nenhum perdão
rasga-se o silêncio
vento feito de palavras
sublinhando telhados
num poema vestido de azul