terça-feira, 30 de julho de 2013

HORA REMOTA



   


Imagem: Claudia Lemos






uma sombra  perdida
 numa caverna
 um súbito grito preso na garganta
a luz contida nos olhos nunca abertos

Tentou alcançar uma lanterna
o canto entoou uma nota tanta
  a manhã buscou olhos despertos

a pele da alma ressentiu a caridade
as noites longas sem nenhuma estrela
e a falta de um carinho de verdade
imperdoáveis razões para não tê-la

confesso o silêncio dilatava
a covardia de levá-la a sofrer
enquanto o corpo pleno suava
a maldita arte do desfazer

mentira tamanha esboçou
no desenho intravenoso
o tinteiro uma lágrima chorou
na tela um poema pedregoso

o barco desafiando o mar
em torno de uma ilha de promessas
e todo  talento de enganar
nas águas velhas imersas

tranquila foi a volta
para quem tinha a espera
pra quem ficou na revolta
a indomável megera












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