Quem pensa que me conhece crê que eu desejo permanecer no palco a qualquer preço - que sou política e me valho disso prá sobreviver. Ficariam com efeito, atônitos, se soubessem que a minha maior felicidade é estar a sós em meu terraço pessoal, procurando descobrir a direção do vento pelos odores que ele carrega.
Há toda diferença do mundo em escrever-se para uma platéia e escrever-se num poema, em que se está a escrever primordialmente para si mesmo - embora, evidentemente, não haja satisfação em o poema depois, não significar algo também para outras pessoas. Num poema, disse Eliot: ...pus meus sentimentos em palavras para mim mesmo. Tenho agora o equivalente, em palavras, para tudo que senti.
Num poema, ademais, a gente escreve para nossa própria voz e pensa em termos da nossa própria voz, ao passo que é preciso perceber, que o que as palavras partirão em direção à outras pessoas, desconhecedoras do que está embalado em cada dizer, que acreditam que te conhecem demais, a ponto de superinterpretarem o eu-texto e afirmarem que tudo que se escreve é projeção do se sente. Nem sempre, caro Eliot, nem sempre...
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