quinta-feira, 12 de julho de 2012

Hai Cais embrulhados em Papel Azul

Parceria com Germano Xavier


Nunca mais o que não houve...Nunca mais.

No saguão: Sombra e vento,
folhas sêcas molhadas.
Estações, pensamento.

A noite não cabia
Dentro da lua talhada
O tempo não nos havia.

Horizonte amanhecido
na paisagem azulada
chegamos sem ter ido.

Eu fui ser estrangeiro
Sem saber que ser estrangeiro
Era não ser estrangeiro

Copacabana virada do avesso
Beleza banida no que em mim
Foram passos outrora dados

Redentor de braços abertos
Janelas de almas abertas
Amor de a-mares abertos

Subterrâneos caminhos
Até o Olimpo do tempo
Nós dois sozinhos

Museu de tudo
Nossos olhares
Obreiras obras do absurdo

A Baia nascida
do sol poente
(re)sentindo a vida

Descendo Icaraí
(entre)poemas, pernas e cigarros
ardemos, ali.

Entrar atravessado nas ondas
Da terra; afundar-se no ser
Ancestral com uma terra partida

No museu eu estava,
Tu estavas; retrato morto
- moldura de ninguém

Fui para a proa e vi
o Rio desaguar em meus olhos
numa abissal cor de sentir   

Ela tonteou parada em si
- era o tempo parado na fumaça
Parada de uma eternidade veloz

Bebida de pajelança
um trem voando
parados sob as andanças

Stop. O ônibus disparado.
A janela reveladora
na paisagem(você) ao meu lado.

Na esquina da Santa clara
Teu olhar de fome
- em cartaz - uma alegria rara.

Desarrolhar é preciso
- o gosto da felicidade –
Beber não é preciso.

Eu não sei o que você via
No Arpoador - eu vi o azul azular
a própria dor do azul.

A foto no meu tempo
É um tempo sem tempoazul
De ser tempo no tempo.

Recorro ao azul (novamente),
Pois para ser azul deste azul
Tem de o branco também ser azul.

Um dia, quando eu já perto da morte,
Voltarei para ver estas águas também velhas
De uma hora nova que decidi marcar em mim.

Daqui de onde estou
- parado e navegando –
O mar é de um simples azul.

Meu corpo-ALMA azulzinho
Destas ondas aquém mar
Vai contigo num barquinho.

Barulhança desta paisagem
Abraça o olorum
lágrimas sem maquiagem.

Paisagem: mulher vadia.
Nasceu da coragem do vento
Vagando numa estrela sem guia.

Não me vi o azul de ti
Quando seus olhos verdejaram o mar
Ao chegar em Parati.

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