Para Eloá - o poema que já havia
Uma bailarina-mulher morava na menina, que se desdobrava em cores, diante das paredes brancas da realidade. Ela vazava pela janela em olhares alienadores e buscava o que não tinha, mas nela havia. Propagava no ar um som de sonhar e um silêncio, onde ela não cabia.
Sempre sorria para a rua sem saída, no final da tarde avermelhada, alaranjada, rosada, talvez...Não sabia o nome daquela cor preferida em nuances, que encarnava e desbotava em seus olhos. Corria, com as mãos esticadas, para o céu, numa coreografia sozinha de tudo, que em sua volta insistia. Acreditava que tocaria o fim daquela rua feita de infância. Seus olhos paralisavam, vendo o dia partir, naquela cor que contemplava, naquele momento epifânico, o poema de cada dia... só seu.
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